a verdade é que me prendi na gaiola dos meus medos e impedi nosso amor de voar.
ando pensado em você, principalmente hoje que notei resquícios de mim espalhados por aí. a foto da lua e meu moletom. respectivamente, pensei que essa e as demais já tinham sido excluídas da sua galeria ha muito tempo.
são resquícios de mim que ainda habitam você. por escolha ou conveniência?
o retrato pra você é tão bonito quanto o momento ou somente casual?, como se aquele dia não tivesse o cheiro da nossa química e a física do nosso beijo? seu gosto ainda é um dos meus sabores favoritos.
a sensação da sua pele jambo ainda ferve sobre minha palma, assim como a visão de seus lábios sendo beijados pela língua rubra, com a saliva que já contrastou com a minha.
queria ter marcado mais que seu pescoço, queria sua alma junto a minha em uma só.
sou hipócrita por te trocar por um passado incerto e não fazer de você minha convicção. o que acabou se tornando tu, morena. será que você nos visita o tanto que eu nos visito? meu nome ainda vive na sua boca, mesmo com seus “agoras”? aquela foto com cheiro de mato no parque da cidade ainda é a que você mostra pras pessoas quando fala “ela? ah, essa aqui.”
seus olhos ainda brilham quando falam de mim da mesma forma quando falava comigo?
devemos desculpas a quem comparecia aquela sessão de cinema quando em nossa presença, o espetáculo pessoal era mais digno de palmas e rosas vermelhas.
me desculpa por te deixar só com os espinhos.
[…]
“fala pra mim tudo o que você pensou nas noites perdidas de sono. fala pra mim o que você sempre quis falar”.
suplico pra mim mesma.
- o mau nem sempre vence.
(2022)